segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ABRIGO

Se a noite encontrasse teus olhos

Molhados da tua dor,
Se a brisa da noite secasse  tuas lágrimas
Mas não findasse teu pranto,
E a casa te parecesse tão morta,
E a rua, pela janela entrevista,
Te parecesse pejada dos sons mais tristonhos...
De acordes de piano talvez...
Ou de sons de violino que cortassem teu peito
Bem fundo... como te ferindo de morte...

Eu iria à tua casa e, se deixasses,
Te protegeria no calor do meu abraço,
E te olharia fundamente, e tu verias
Na transparência dos meus olhos minh'alma
Totalmente entregue a ti.
E então tu sentirias o clamor de minha carne,
E nossos corpos se veriam numa amálgama sublime.
A aí a madrugada, miraculosamente,
Pareceria sob o canto das aves matutinas,
E a vida nos seria tão clara, tão leve e tão música,
Qual praça repleta
De gente e de bares, jardins e de sol,
Que quereríamos ambos existir para sempre.

2011

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