segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

INUTILMENTE

Eu te fiz tantos poemas,

te mostrei toda a lindeza
de canções que mal ouviras,
de um  pardal a saltitar.

Eu tentei te fascinar:
fui poeta, vagabundo,
anarquista, embriagado,
o herói que pude ser.

Fiz sentires a delícia
de um passeio pela noite
entre planos delirantes,
de sonhar sob o luar.

Nada disto todavia
fez, na hora do abandono,
que calasses no teu peito
teu anseio de partida.

1995

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