segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

MATERIALISMO

Um dia, toda lição aprendida,

Toda experiência vivida,
Todo conhecimento adquirido,
Tudo se esvairá de nós com a vida, no último suspiro.

Um dia, tudo se apagará,
E não teremos sequer a consciência
De que tudo para nós se haverá apagado.
Um dia, a escuridão,
Sem termos ao menos a noção
De tamanha escuridão.

Quisera crer em outra existência além da existência...
Os meus momentos de espiritualismo são tão passageiros e fugazes...

Um dia, tudo se perderá de nós:
A razão, a consciência das coisas,
E seremos mera carne putrefata que a terra diluirá.
Não usufruiremos de nada que porventura tenhamos construído,
Quer no plano afetivo, no campo das idéias ou no aspecto material.

Deixaremos, no máximo, heranças, ensinamentos e saudades,
Mas não poderemos, nós próprios, usufruir dos nossos dotes intelectuais, espirituais e
[ patrimoniais,
Nem nos regalar do amor daqueles que nos lamentem a ausência.

De que adianta a reverência do busto em praça pública,
O nome em algum logradouro
E os dons e feitos rememorados e exaltados,
Sem que sequer possamos nos regozijar em nossa humana vaidade?

Tudo se acabará para nós,
Tudo se perderá para nós,
Nós acabaremos e tudo perderemos,
Nada para nós haverá,
Nada seremos senão o nada,
Nada senão o nada.

1995

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