sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

OS TORCEDORES FANÁTICOS SÃO OS SECTÁRIOS MAIS PERIGOSOS

O comentário que segue e que fiz em 2009 me rendeu até inimizade.  O episódio acontecido entre os tordcedores de Vasco e Atlético Paranaense mostram que eu tinha razão.



Eu sou daquelas pesssoas que se embevecem com aqueles dias de jogos de campeonato, emocionam-se com o calor e a vibração das torcidas com os seus fogos estourando nossos tímpanos e quase nos matando de susto. É a manifestação singela e espontânea de calor de paixão desportiva dos nossos nobres cidadãos sem um pingo de princípio e educação, derramados em berros que pronunciam nomes de clubes de futebol, berros arrastados e quase ininteligíveis pela puta da cachaça tomada em demasia ou da famigerada coca cheirada em um canto qualquer.
Ah! É dia de jogo, decisão, sei lá o que, é prá gente fazer uma porra de um churrasco de costelas de boi e de asas de frango, abrir as malas dos carros e botar pra tocar "funk", pagode ou hino do clube, mas tudo com volume muito alto. Você, sujeito tranqüilo e sossegado, tem o dever cívico de participar de toda essa palhaçada: deixe sua música de lado, não a ouça, desligue a televisão, não converse, não leia jornal, porque participar de toda essa baderna, voluntária ou involuntariamente, é o dever de todo cidadão. Sugiro que você saia de sua casa e vá conversar futebol com eles, encha também os cornos de bebida e fique gritando o nome do clube deles - mas não se esqueça de vestir-se com a camisa. Porque esse negócio de que os direitos de um vão até onde começam os de outro é pura retórica barata e imprestável: o negócio é fazer muito barulho e incomodar todo o mundo, porque um homem que não participa dessas bagunças não é digno de viver em sociedade.
O pior de tudo são, ao final de tudo, as hostilidades: brigas, pancadaria, linchamentos, assassinatos, e as autoridades espalhando pequenos efetivos de policiais nas ruas, fingindo não notar o verdadeiro estado de escaramuças e guerrilha urbana provocado por esses vândalos.
Esses torcedores fanáticos não têm nada de positivo, são sectários radicais e perigosíssimos, capazes de estragos e atos do porte dos praticados pelos guerrilheiros, incendiários e facínoras. O fantatismo é um câncer com alto poder de devastação, seja ele o fanatismo religioso, político ou desportivo.
Ontem, 06/11/09, foi decisão do campeonato nacional, e eu fiquei a ouvir gritos de "mengo" e explosões das nove e meia da manhã do domingo até as dez da manhã de hoje, segunda. Num dia em que houve jogo do Fluminense (clube pelo qual eu torço sem paixões desmedidas ), e eu estava no metrô, um grupo de torcedores do clube entrou no vagão em que eu estava e fez tanto barulho e gritaria, que eu pensei que iam explodir a unidade.
Ora, deixemos de hipocrisia! Não vêem que não há nada de bonito nessas manifestações? Só o Galvão Bueno, do conforto de sua cabine refrigerada, é que demagogicamente elogia essas "alegrias" famigeradas das torcidas. O tipo de torcedor a que me refiro não é, na verdade, afeito ao esporte: é, isto, sim, afeito à guerra, à violência, a transornar a vida de terceiros, fechando ruas e túneis, hostilizando torcedores adversários e pessoas neutras em relação às suas histerias. Têm o prazer mórbido de incomodar, de bater, de guerrear, porque são belicosos natos e rebeldes absolutamente sem causa, compromissados com a missão de causar danos e aporrinhações à coletividade.
O mais triste de tudo é que nada se pode esperar de nossas autoridades, que, se pouco se prestam a combater o crime (organizado ou não), menos ainda farão contra essa gente e a sua conduta perniciosa.

2009

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