segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

PERDOE-ME

Perdoe-me versejar

assim plangentemente,
perdoe-me poetar
tão lastimosamente...

Mas que posso fazer, se a música cessou
e a bailarina já se sentou
exaurida e desolada
a um canto do teatro
silente e já vazio?

Perdoe-me cantar
de modo tão sentido.
Pedoe-me recitar
assim tão tristemente.

Mas que posso fazer, se anoiteceu
profundamente,
se a última mulher
se despediu,
deixando a noite co'esse gosto
de solidão?

Que posso fazer, se nenhum riso
ou burburinho,
se nenhum canto,
se nenhum passo
na noite escura
se fez ouvir?

Que posso fazer, se o cais, sem vida,
não tem a lua
a pratear,
não tem estrelas
a cintilar
e nenhum barco
a balançar?

2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário