quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

OS FOGUETEIROS E OS SUB-HUMANOS

Não cabe em mim o espanto em que me encontro em observar o apetite, a compulsão, a obsessão que essa gente tem em soltar fogos e assim  atazanar o sossego e a paciência da vizinhança noite adentro, além de colocar em risco a integridade física de terceiros. Eles são a versão barulhenta dos balonistas, seus irmãos gêmeos e quase siameses.  Gostaria de saber de que barro essas criaturas são feitas. Definitivamente não são seres humanos: são ainda sub-humanos, desprovidos de princípios, de discernimento, de educação e de caráter.  Devem ser filhos de puta indigente e assaltante com vigarista matador, ou não teriam a conduta que têm.  Devem ser os mesmos que entram num carro e saem fazendo direção perigosa, não respeitam sinais, aleijados, cachorros, idosos, crianças, matam o que veem pela frente.  Não estou brincando, não.  Note só como, na total indiferença aos direitos alheios, são iguaizinhos, iguaizinhos!
Quem solta balão, não está preocupado com se ele poderá cair sobre a rede elétrica, um botijão de gás de residência, sobre a mata ou se vai incendiar uma casa ou prédio e provocar a morte de quem nada tem a ver  com a sua absoluta crueldade,  falta de bondade, de humanismo, de caráter e de responsabilidade: é subgente mesmo, é demônio feito de esterco animado e coberto de pele humana.  Da mesmíssima forma são os motoristas e motociclistas  incautos, e, se você duvida, experimente chamar-lhes a atenção por suas estripulias no tráfego. Conheci um que uma vez replicou à reclamação de um outro condutor de carro que por ele fora posto em risco:
- E tu nunca fez merda não?! - pra você ver o senso de direitos e de justiça que esses pré-sujeitos possuem.  
Os fogueteiros, inclusos na mesmíssima categoria, passam  noites a fio e às vezes quarenta e oito horas explodindo seus fogos insuportáveis nos ouvidos de pessoas de bem, que têm educação e gostariam de sossegar e descansar.  Mas esses quase vermes (porque ainda não chegaram a tal estágio) não respeitam nada. Imagino quando a mulher de um deles, na hipótese de ter bom senso, o advirte:
- Clebenílson, para com isso: os vizinhos querem dormir.
E a resposta do infame aos gritos:
- Manda os vizinhos ir à puta que os pariu! Ninguém tem nada com a minha vida e eu faço dela o que quiser!
Quer dizer: além de arrogante e sem educação, o desgraçado é acintoso e não sabe que os direitos de um vão até onde começam os de outro.
Num  trinta e um de dezembro, na Vila da Penha, um adorável cachorrinho de rua correu enlouquecido por pavor ao foguetório e morreu atropelado.  Se os autores da barulheira soubessem disto, morreriam de rir. 
Normalmente não festejo o 31 de dezembro, porque estou quase sempre envolvido com algum ou alguns cachorros que morrem de medo das explosões, e me vejo compelido a dar-lhes assistência.  O Snoopy, o cãozinho de rua que abriguei há nove anos e morreu em três de novembro último, se consumia aterrorizado e, apesar de haver ficado surdo quatro anos antes, ainda sentia as vibrações e me obrigava a ligar o som a todo o volume para que percebesse menos plenamente os estrondos.
Ora! a alegria é um sentimento natural, espontâneo, não uma decorrência de uma porrada de estouros!  Entretanto, cônscio de que não adianta reclamar e tentando ser pragmático, é mister que as autoridades proíbam, caracterizando como crime inafiançável, a produção, venda e explosão de fogos de artifício, punindo tais  práticas com cadeia.  Mas a coibição teria de ser verdadeira, porque, se há algo neste sentido, é com estranheza que passo quase todos os dias por uma loja que vende fogos e tem uma fachada com cartazes e placas imensas indicando o produto que comercializa.  Do mesmo modo devem ser tratadas as práticas do balonismo e da direção perigosa.
É preciso que façamos petições públicas, exerçamos alguma pressão sobre as nossas preguiçosas autoridades, tomemos alguma atitude  para a repressão de atos que fazem a sociedade acuada por elementos que não deveriam sequer ter nascido.

2013

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