domingo, 29 de maio de 2016

O OPORTUNISMO DE TEMER E SEUS TECNOCRATAS


Já reconheci aqui exaustivamente que o capitalismo é um mal não necessário, mas inevitável e que, justamente por ser um mal - como a índole humana -, precisa ser tolhido e limitado por uma legislação que contenha seus ímpetos vampirescos.  Longe de mim sentir  saudade do lulopetismo ou desejo de que Dilma reassuma o governo.  O lulopetismo foi uma aventura em que o Brasil se envolveu para ser ludibriado e devastado por alguns políticos petistas e da base aliada, no maior arrastão da história do planeta.  Como não bastasse ter feito tudo o que fez, o PT nos deixou como herança Temer e seu governo ultrarreacionário, absolutamente avesso ao progresso social, que, numa atitude de absoluto oportunismo, aproveita-se da crise econômica para dela tirar partido, pregar que é preciso reformar a previdência social, ferindo assim os direitos previdenciários de quem já está no mercado de trabalhando, alegando que não há direito adquirido, mas "expectativa de direito".  Não sou jurista, mas discordo veementemente, porque não se pode mudar um contrato em pleno vigor sem a concordância de ambas as partes. No nosso caso, ingressamos no mercado sob um contrato implícito, sob garantias que nos ameaçam roubar no decorrer da vigência do pacto. Além dos tecnocratas Temer, Meirelles e Cia. quererem condicionar nossas aposentadorias ao atestado de óbito, ainda valem-se do ensejo para tentar empurrar goela abaixo da classe trabalhadora a reforma trabalhista, que suprime férias remuneradas, décimo-terceiro salário, fundo de garantia, outros direitos, sob a desculpa de que pretendem reestimular a demanda de mão-de-obra por parte das empresas. Mentira! É tudo mentira!  O que pretendem na verdade é baratear ainda mais a força de trabalho nacional, para que os estrangeiros aqui  invistam e tenham lucros ainda mais estratosféricos do que os que já têm.  Falam em competitividade no mercado internacional e utilizam outras falácias, mas é tudo sofisma e mentira deslavada.  É puro atendimento a uma antiga demanda dos empresários nacionais e internacionais.
Aprovar a reforma trabalhista é criar um modelo econômico ainda mais concentrador de renda, uma tentativa de fazer que a indústria e o comércio naveguem de vento em popa enquanto a classe trabalhadora simplesmente se miserabilize.  De nada adianta um empresariado vigoroso com empregados famintos.
No caso da previdência, têm os governantes desta nação a obrigação de respeitar os direitos adquiridos dos que já se encontram trabalhando, ainda que hajam de sobretaxar os bancos para arcar com sua responsabilidade quanto aos futuros aposentados e pensionistas.  Não só de pagar as futuras aposentadorias, como de manter as já consumadas incólumes.
Repito que não há motivos para nostalgias: o lulopetismo é igualmente tecnocrático, seguirá a receita de Temer caso  Dilma retorne ao Planalto, nunca enfrentou banqueiros, instituiu esmolas mas não implementou uma  lei salarial justa, não distribuiu renda, fingiu que é socialista mas é conservador, não investiu na saúde, na educação, na segurança,  levou hospitais à falência e ao fechamento, causou desemprego, fome, morte nas emergências, sucateou a Petrobrás e levou as finanças nacionais a um quadro deplorável.  
Se Temer diz que vai cortar 4.000 cargos comissionados políticos, não está mais do que podando a ponta do iceberg.  Poderia contar inúmeros outros mais, sobretudo aqueles que são de interesse da base aliada agora sua.  Isto ajudaria o setor público a arcar com suas responsabilidades relativas às categorias laboradoras.
Não nos deixemos emprenhar pelo discursinho dos jornalistas globais ou de outras emissoras, porque a mídia está sempre do lado do poder ou de quem está em vias de abocanhar o poder.   Os mesmos jornalistas que hoje atacam Dilma e o PT são os mesmos que há menos de um ano defendiam-nos com unhas e dentes, dentro daquele antiga  troca de favores entre imprensa e governo, em que comentaristas e âncoras mantêm a aprovação e poupularidade de quem governa enquanto seus patrões são contemplados com uma série de préstimos que só quem tem nas mãos a máquina pública pode oferecer.

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