sábado, 11 de fevereiro de 2017

NOSTALGIA III

Tinha Lúcia, que era tão bonita,
e cheirava sempre a sabonete,
e era tão boa de deitar.

Tinha o quintal com três cachorros
e a terra, que cheirava a chuva à tarde,
e os arbustos sob a luz a balançar.

Tinha o futuro, que se vestia de esperança
e parecia tão delícia e tão de festa,
que era capaz de toda agonia afugentar.

Tinha um desejo imenso de cantar
que pulsava toda vez que a semana se acabava
e me fazia feliz por existir tão simplesmente.

Não vou me encher assim não mais de nostalgia,
porque é tal como me apertar de dores pelos cantos,
como morrer, viver a morte todo o dia,  o tempo inteiro.
Não, não vou me encher não mais de nostalgia,
senão tanta saudade vai doer em mim demais.

POEMA TÓRRIDO


Vai, meu verso ardente, e te embevece da lindeza que há na noite latejante.
Vai, verbo candente, e odeia assim qual fora tempo de somente guerrear.
Vai, poema cálido, e ama assim com toda a lira, toda a sede que tu tens de te [entregar
Vai, fala pulsante, e exibe a dor que rasga a carne e é de matar, martirizar e [contorcer.
Vai, palavra em chama, e faz o peito tão festivo de alegria plena dilatar.
Vai, pena tão vária, e exibe os sentimentos mais diversos que no peito vibram [como ebulição.
Mas não te cales nunca, poesia, e brota do meu ser como se fora um mar de [sensações a se espalhar na vastidão.

NÃO TERÁS ESSA MULHER

Não, amigo, não te enganes
nem desdobres, nem te esganes:
não terás essa mulher
que, bem mostra, não te quer.

Nem que cantes as canções
mais pejadas de emoções,
nem com todos os bemóis,
nem que dances sob os sóis.

Nem que tentes pôr ciúmes,
que besuntes de perfumes
tuas fronhas e lençóis, 
nem com mil aerossóis.

Nem co'a pose dos heróis,
com viagras e halitóis,
nem com mãos de beseróis
ou buquês de girassóis.

Nem que te enchas de cultura,
tomes banhos de leituras,
faças mais de mil loucuras,
sejas pleno de bravura.

Nem com pembas pelos cantos,
nem que rezes pra teus santos,
nem que implores entre prantos,
nem co'olhar de pôr quebranto.

Nem co'o brilho dos faróis,
vaga-lumes e lustróis,
a beleza de arrebóis.
Não terás essa mulher
nem que comas os lençóis
e que arrotes girassóis.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

TEMER, "OFFICE BOY" DAS ELITES, E O PODER CONTRA O POVO




Quando as elites... e entenda-se por elites os empresários, os banqueiros, os agronegociantes, os donos de jornais, revistas, emissoras de tevê, de rádio, de redes de hotéis e restaurantes, etc... quando as elites, após aperceberam-se de que o País tinha ido à bancarrota - graças a décadas de corrupção ocorrida em gestões petistas, pessedebistas, pemedebistas e vai por aí adiante... quando as elites se deram conta de que o Brasil afundara num mar de lama e de degradação econômica, acharam que era a hora de dar um golpe de mestre e se apossar dos restos deixados pelos ladrões de gravata e colarinho e de enriquecerem ainda mais, concentrando nas mãos de uma vez por todas a totalidade da renda nacional.
O conluio funciona da seguinte forma: convoca-se um setor dessa camada abastada, a mídia, principalmente a Globo, para vender à opinião pública que, sem a aprovação da PEC da morte (já aprovada), das reformas da previdência e trabalhista, o emprego acaba de vez, a União não tem como pagar aos aposentados, e um caos dantesco e definitivo toma conta deste pedaço aqui da África. Depois chamam-se os políticos para chutar o PT pra córner... não porque o partido estivesse na contramão dos interesses da gente rica, mas porque é preciso fazer um teatro, dando à conspiração contra o Brasil inteiro um aspecto de faxina moral e ética. A seguir colocam as marionetes Michel Temer e Henrique Meirelles, componentes (bom lembrar) desse mesmo topo da pirâmide para implementar, junto com outros componentes-marionetes do sistema que são os já mencionados políticos (dentre os quais uma quantidade absurda está envolvida nos crimes que faliram a Nação) todas as mudanças que farão os ricos muito mais ricos, e os pobres muito mais miseráveis, sem o menor acesso à educação, à alimentação ao menos condigna, à saúde, à habitação, ao saneamento básico, à segurança, criando uma população inteira de indigentes que morrem nos corredores dos precariíssimos hospitais e vivendo a baixíssima qualidade de vida dos povos africanos. Não sei se vocês já notaram, mas o Brasil caminha a passos largos para a africanização mais deplorável, sobretudo em virtude da aprovação da PEC da morte, que já citei e congela os gastos do Governo por 20 anos.
Se a PEC da Morte visa a acabar com as despesas do erário com os cidadãos, a reforma da previdência finda de vez com a aposentadoria, e a reforma trabalhista é o tiro de misericórdia que reinstaura por aqui de forma peremptória a escravidão. Quem não tem férias remuneradas, décimo-terceiro, FGTS, jornada de trabalho razoável é o quê? Trabalhador ou escravo?
As perversas e diabólicas medidas irão agravar muito mais a recessão, gerando uma retração absurda nas vendas do comércio e consequentemente da indústia, aprofundarão o flagelo do desemprego, e aí você vai-se perguntar se assim essas elites vão provar do próprio veneno, sofrendo as consequências dos males que elas próprias criaram. Eu respondo que não, porque a verba pública poupada com as reformas, além da arrecadada com a pesada carga tributária sobre a classe média (que nem sei se assim poderá ser chamada), agraciará as empresas com incentivos e renúncias fiscais, investimentos, subsídios, bônus, empréstimos vultosos e generosos, além de os privilegiados pouparem uma fábula com a diminuição dos gastos com a mão-de-obra, e os preços subirem para suprir a redução da demanda dos produtos, que serão consumidos pelos poucos com poder aquisitivo para tanto. Um número pequeno de escravos será bastante para movimentar a reduzida indústria e o pouco comércio, e os sem-emprego, diga-se de passagem, morrerão de fome, desnutrição e outras mazelas. Será um processo como se as mais altas castas se fechassem comercialmente para a sociedade nacional.
 Você agora irá querer saber se os políticos não estarão dando um tiro no pé por conta do desgaste que sofrerão com a aprovação das medidas do Governo. Eu digo, sim, mas estarão usando sapatos e roupas blindadas, para evitar que até estilhaços atinjam-lhes qualquer parte do corpo, porque, lembre-se, também são membros dos mais opulentos grupos sociais e, se o empresariado será fartamente obsequiado pelo poder público, imagine a contrapartida que terão esses políticos. Em outras palavras: valerá a pena ficar impopular e não se eleger durante alguns anos ou para sempre.
Em suma, a missão do fantoche Temer, abraçada por este com enorme empenho e prazer, é colocar tudo nas mãos das elites, em detrimento de uma sociedade inteira, que viverá num país africano dentro da América Latina.

DA DUVIDOSA DEMOCRACIA NO BRASIL


A QUE NÃO EXISTE

Aquela que seria  para o povo, em que os clamores da sociedade seriam ouvidos, em que prevalece a vontade da maioria, os cidadãos são respeitados no seu direito à manifestação e à integridade física.  No Brasil não há democracia para a população porque as manifestações populares são massacradas com violência, as reivindicações contra os políticas e o sistema  são ignoradas por estes e omitidas ou pouco destacadas pela mídia. As medidas do Governo não são discutidas com representantes da sociedade civil, mas unicamente com os setores afeiçoados ao poder estabelecido (centrais e movimentos governistas, PMDB, ator Mílton Gonçalves e outras instituições e pessoas congêneres); as decisões são tomadas e executadas de cima para baixo, e quem não gostar que se rasgue.



A QUE EXISTE

A democracia para os políticos, porque o ministro do Supremo Marco Aurélio de Mello mandou que Renan Calheiros deixasse a Presidência do Senado, este desobedeceu, e a Presidente da Corte,  Carmen Lúcia, ao invés de cobrar do magistrado expedição de mandado de prisão contra o político desobediente, limitou-se a declarar que não queria "colocar mais lenha na fogueira".